segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Substantivo incomum

Taciturno, busco o refúgio das madrugadas. Não parece seguro. Fujo. Talvez o colchão trouxesse algum alento, pensei. Logo percebo que o traidor conspira a favor dela.
Sinto que é implacável, mas tento ver como insípido. Conseguirei?

Djavan diz ser feliz como serviçal de um samurai do qual, derrotado, caiu aos pés. Chico, no entanto, diz para não me afobar, que amores serão sempre amáveis.

Na dúvida, eu faria uma serenata pra ela. Esta áfita é que não deixa...

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Cela

Um par de olhos fitava a parede. Não, não era a parede. Parecia ser, de qualquer forma, mas para um observador mais atento, parecia transpassar por essa e por tantas outras, até se encontrar no infinito.

Chamava-se Positividade. Não por batismo, mas porque a maioria considerava uma péssima idéia e por escárnio, assim a apelidou. Como não poderia deixar de ser, a Positividade era um risco geral e numa decisão de consenso, foi presa em uma cela. Qualquer um sabe que a positividade é uma ameaça constante à rabugice que nos dá a segurança de seguir em frente.

Foi nesta cela que a encontrei. Aqueles olhos brilhavam quase tanto quanto aquele sorriso que me deixava encantado, por mais discrepante que fosse do cenário. Parecia tranquila, como se aquela prisão fosse tão pequena, que não fosse capaz realmente de contê-la. Seus olhos que contemplavam o infinito, mas ao mesmo tempo não estavam distantes. A impressão é que podiam ver através de mim.

A princípio, supus que estivesse ali porque não achou nada melhor para fazer. Depois, como não encontrei nenhuma evidência que desmentisse esta possibilidade, tomei como verdade e perguntei porque ficava na cela, embora talvez seja um ato de grande inconsequencia. Eu poderia ser o culpado por devolver a Positividade ao mundo. E foi o que de fato ocorreu.

Ficou presa durante o tempo que não se preocupou em sair da cela. Eu estou desde que meus olhos foram por ela capturados.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Lume no Breu

Pontos de interrogação povoam poesias
Escondem-se sob a máscara da afirmação
Em quais pontos eles estão?
Bradam tímidos pavores ocultos,
Pedem abrigo, desvalidos
A brigar velando a alma
Adormecida, apavorada
Sem saber que revelada
Causa a luz ao seu redor

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

01 de Outubro

Presente da primavera
Desabrochou em meu peito
A minha flor, flor do Lácio
Dona do meu pensamento

Causei seu sorriso e sem ter aviso
O meu foi nascer pelo seu poder
Sorri em segredo, por tédio, medo
Da pétala até dizer mal-me-quer
Da venenosa pétala do mal me querer

Nessa tragédia da inércia
Sorrisos dados
Não se tocaram
Viraram passado
Sem um amor pelo qual morrer.