segunda-feira, 31 de maio de 2010

Insônia subornada

Com suborno de café
Consegui a minha insônia
E que foi minha mulher
Numa noite em Borgonha

Eu senti seu acalanto
De mulher que não tem dono
Abanando as qualidades
Que gerou teu abandono

Eu ali, tão menos só
Pra somente contemplar
O escuro que rodeia
A quem brinca de pensar

E me fez sentir mais homem
Solitário em minha fé
Consegui a minha insônia
Com suborno de café

Constatação

Um amor tão lamentável
quanto esse eu nunca vi

É um amor de bicho morto
Dos que nunca vai dar certo
Dos que não nos traz conforto
Que nos deixa noite adentro

Solitário e incerto

(Com a contribuição do Estevão)

sábado, 29 de maio de 2010

Câncer

Um amor maior que o meu
É impossível de se achar
Ele vem tão sorrateiro
Tão discreto, tão certeiro
É um bicho perdigueiro
Que está sempre a me matar

Ele finge-se ilusão
E se finge de tormenta
Me aumenta a solidão
E me traz a sensação
Talvez sim, talvez mais não
Que quanto menor, aumenta

Ele murcha todo dia
Toda noite ele dilata
A chaga no sonho me encontra
E me diz que já esta pronta
E que essa vida (tonta!)
Algum dia ainda me mata

Progressão

Um acorde em dó
Que faço a ti
Me faz mais lá
Que o dó, ré, mi

É muito sol
Que faz pra lá
Dar ré na vida
É brincar com a escala