domingo, 18 de julho de 2010

Ode casta

Não se remoa, rapaz.
Não roa os restos de unhas.
A raiz de seus rancores
Remonta velhos pudores.

Valores truncam canções.
Moral, mortalha maior,
Que amarra junto com o metro
E estraga o traço escritor.

Esplêndida é a manhã de amanhã.
Estende sua luz a nós.
Espelhos de sons e sonhos
Espalham insanas sementes sãs.

Passado, pensado, passou pesado pelo poço posto no pasto onde pasto a cada dia.
Com ele me aceito e assumo o sábio semblante convicto da safadeza humana. Que bom. Amém.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Poesia de Merda

Tempo de eleição

No pal co
Candidato ator

Pal no co
Do bom cidadão

terça-feira, 13 de julho de 2010

amor humilde

fatigado da existência
de uma cólera pulsante
que me faz pensante
e me fere a alma
só com coisas que concordo
e abomino.

e que fere a consciência
desse aprendiz de errante.
então procuro minha calma
mas sou desorganizado,
ansioso, perturbado
e menino.

só que tenho paciência
já conheço meu amor
sei que é domesticado,
mal-amado, conturbado,
também sei que é como eu,
pequenino.

domingo, 11 de julho de 2010

Escrito em 26/03/2007

Talvez queira estar ao meu lado
Ainda saiba que eu te espero
Também veja, não sou um Homero
Antes fosse, sou apaixonado

Vem do peito um fogo incontrolável
Outra maneira de me consumir
Como consome, tenho que assumir
Esta tristeza ainda palatável

Agora, será que não vale a pena
Mudar e aceitar o namoro
Assim nos permitindo o amar?

Não me abandone então, pequena
Eu sofrerei, mas não quero choro
Lagrimas não me fazem te tocar.

Meu HD queimou

De fato as fotos se foram.
As frases, efeitos já feitos,
Fugiram, fez-se fragmentos.
Feições fadadas ao afastamento,
Fazendo o fim de uma fase feliz.

Formatação falha,
Fica o afeto

(27/07/2007)

sábado, 10 de julho de 2010

Dos sonhos que não se tocam

Estou aqui debilitado.
E só penso em, talvez,
em um dia entendiado
te deitar na minha cama
e não falar de amor,
e não pensar em nós.
Estando feliz e aflito
observarei de longe

Os dois.
E o infinito.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Redondilha muito menor

A marca no dedo
Do tempo, do sol.
Os olhos vermelhos
Opacos, insones.
O peito esgotado
Repleto de som
Que quer escapar
Mas fica por medo.

As pernas que tremem
Sem forças, sem chão
As mãos que se afastam
A um palmo do adeus
Sorrisos guardados
Sem brilho, sem paz
Que querem escapar
Mas ficam, pois temem

A fé no futuro
É passado, perdida
A vida conjunta
Não vive então
E os beijos roubados
Transpirando amor
Já não vão se dar
De cima do muro

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Soneto da Castidade

Tu és tão bela e dócil minha jovem
Que não poderia nunca propor
Pra me olhar como quem olha um homem
Pra ficar quieta e aprender amor

Esse punhal chama-se castidade
Que é afiado em seu hímen fechado
Fere-me o peito, e mata, e abate
Faz-me carrasco de sêmen guardado

Mas se tão pura e bela você é
Pode ser que seja sempre uma musa
Mas sem forças pra ser uma mulher

E agora, sem ti, perdido estou
Ou aceitará viver como quer
Ou aceitará sofrer por amor

Casamento planejado

Todo mundo acha bonito
Que a paixão nasça sozinha
Precisa plantar, senão
Vai nascer erva daninha

Tó caqui Dona Júlia!

Só eu sei que a dona Julia
Nada ama seu marido
Ela, quando ele sai,
Me dá o fruto proibido

Dona Julia muito arteira
É a mais rápida que vi
Sempre estou com água na boca
Quando fala ‘tó caqui!’

Dona Julia, quintadeira
Vou comer antes que perca
Enquanto ela está madura
Dá igual chuchu na cerca

domingo, 4 de julho de 2010

Ensaio sobre Ela

As inteligentes me assustam
As bobas me infernizam
As bonitas me afastam
As feias me repelem

As legais são amigas
As doces são tão raras
As fúteis não me querem
As fáceis não me agradam

As difíceis eu conquisto
As alegres, observo
As tristes, homenageio
As fortes; tenho medo

As fracas; tenho nojo
As lindas não são elas
As excitantes; misteriosas

As chatas são perfeitas